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Lula precisa corrigir o Itamaraty na questão dos vistos

A defesa do Itamaraty para a volta de vistos para visitantes dos EUA e outros países não se sustenta, analisa Antonio Carlos de Faria

10 de março de 2023

Itamaraty quer a volta da reciprocidade de vistos para visitantes dos EUA, Japão, Canadá e Austrália (foto: Reprodução da Internet)

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ARTIGO / ITAMARATY

     Antonio Carlos de Faria *

Corrigir comunicações erradas é sempre uma atitude correta. Isso é o que deveria fazer o presidente Lula em relação ao anúncio da volta da exigência de vistos para entrada no Brasil de pessoas vindas dos EUA, Japão, Canadá e Austrália. A medida vem sendo vazada pelo Itamaraty, numa operação de balão de ensaio, que consiste em divulgar algo para testar sua receptividade e resistências.

Embora ainda não haja uma determinação formal, nem data certa para vigorar, a persistência no erro dessa divulgação só amplia o prejuízo, tanto para os brasileiros, quanto para a imagem do presidente.

É sabido que Lula costuma ouvir seus auxiliares de Governo, para formar opiniões e estabelecer decisões. Neste caso parece que só estaria escutando as justificativas apresentadas pelo Itamaraty, que quer a volta da exigência de vistos para restabelecer a reciprocidade, pois esses quatro países não deram aos brasileiros o mesmo tratamento que receberam, e porque a isenção não teria provocado efeitos práticos, ao não aumentar o fluxo de visitantes estrangeiros ao Brasil. 

As reações contra esses argumentos já vieram de vários líderes do setor do turismo, pois, em primeiro lugar, atrair e facilitar a vinda de visitantes é do interesse do Brasil em qualquer situação, com reciprocidade ou não. É preciso entender o turismo como atividade econômica e não como moeda de troca em jogos diplomáticos. Já o segundo argumento é um vexame de lógica, que ignora totalmente os efeitos da pandemia de Covid sobre o mundo.

Já há quem diga que o Itamaraty estaria influenciando mal o presidente Lula, pois teria o interesse em voltar a manipular as taxas pagas pelos visitantes desses quatro países, numa forma de compensar o baixo orçamento de suas embaixadas. Ou seja, estaria prejudicando o Brasil para beneficiar meia dúzia de burocratas.

Os trabalhadores e as empresas que atuam no setor do turismo esperam ansiosos pelas manifestações do presidente da Embratur, Marcelo Freixo, e da ministra Daniela Carneiro, para que o presidente da República tome uma decisão em defesa dos interesses do país. Enquanto isso não acontece, a oposição ao Governo festeja o desgaste desnecessário de Lula, que até agora era reconhecido como o criador do Ministério do Turismo, há vinte anos, e seu recriador, há dois meses.

*Editor do DIÁRIO DO PORTO


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