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Ministro mostra que não quer fortalecer o Galeão

É preciso uma grande mobilização para o Galeão ser novamente um forte hub internacional, analisa o artigo de Antonio Carlos de Faria

31 de março de 2023

Galeão precisa de voos nacionais para conexões internacionais ( foto: Agência Brasil / Tomaz Silva)

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GALEÃO / ARTIGO

         Antonio Carlos de Faria*

A ideia do ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, de fazer uma nova licitação do aeroporto internacional do Rio, o Galeão, em um pacote com o aeródromo de Resende é conversa de quem não quer resolver o problema da falta de passageiros no aeroporto. Ao construir uma proposta mirabolante para supostamente resolver um problema financeiro do atual concessionário, o ministro mostra claramente que foge do assunto principal.

O ministro sabe que o Galeão, independentemente de quem seja o seu gestor, precisa de novos passageiros para voltar a ser um hub internacional e isso só será possível com a transferência para ele de voos que estão no aeroporto Santos Dumont. Qualquer outra iniciativa é perda de um tempo que o Rio não dispõe. E é um benefício para os aeroportos dos Estados vizinhos, entre eles São Paulo, que já foi governado por Márcio França.

Porém o mais interessante é que em momento algum o atual concessionário, controlado pelo grupo Changi, solicitou uma nova licitação ao Governo brasileiro. O grupo, de Singapura, considerado o melhor operador de aeroportos do mundo, já disse publicamente que quer continuar no negócio. Para isso pede que seus direitos sejam respeitados, dentro das normas previstas pelo contrato vigente. Se isso não acontecer, o grupo dará sequência à devolução anunciada no governo Bolsonaro. Ou seja, um vexame do governo anterior corre o risco de se consolidar como uma derrota de Lula.

Quanto à transferência dos voos do Santos Dumont para o Galeão, não se trata de uma reivindicação para atender a interesses do concessionário do aeroporto internacional. Trata-se de uma necessidade do Estado do Rio de Janeiro. O Galeão, que já foi o principal aeroporto do país, a porta de entrada do Brasil, hoje é apenas o 16º no ranking nacional. Isso porque não tem linhas aéreas nacionais que façam conexões com os voos para o exterior. Essas linhas foram desviadas para o Santos Dumont desde 2009, numa ação combinada entre os agentes públicos e as empresas privadas, contra os interesses do Rio.

E quem é o responsável pela continuidade dessa concentração de voos nacionais no Santos Dumont? O Governo Federal, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e a falta de ação do próprio Governo do Estado do Rio. Geralmente quando ouvem isso, as autoridades costumam dizer que as empresas aéreas têm o direito legal de operar nos aeroportos que quiserem. Isso é uma falácia. O direito delas não se sobrepõe ao direito da sociedade.

O Rio carece de líderes políticos que trabalhem por seus interesses coletivos. A revitalização do Galeão deveria ser um tema que mobilizasse uma ação conjunta da bancada federal do Rio no Congresso, com o governador e os prefeitos da capital e do interior. Porém nem mesmo as bizarras declarações de um ministro parecem despertar um movimento nesse sentido.

*Editor do DIÁRIO DO PORTO

 


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