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Santos Dumont limitado é motivo para comemorar e vigiar

Santos Dumont será limitado a 6,5 milhões de passageiros, uma rara vitória do Rio, escreve Antonio Carlos de Faria em novo artigo

10 de novembro de 2023

Santos Dumont sofre com a superlotação, limitação deve levar voos para o Galeão (foto: Reprodução TV Globo)

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Santos Dumont / Galeão

 

Antonio Carlos de Faria*

O Rio de Janeiro ainda não comemorou direito uma rara vitória no seu longo histórico de derrotas frente à União e aos outros Estados. Nesta semana, o Governo Federal regulamentou a limitação dos voos no aeroporto Santos Dumont para 6,5 milhões de passageiros anuais, o que é fator fundamental para o fortalecimento do Aeroporto Internacional do Galeão. Isso só ocorreu após uma ampla mobilização de vários setores da sociedade fluminense. Cabe agora não relaxar a vigilância e exigir que esse limite seja realmente respeitado.

Há 63 anos, a cidade do Rio deixou de ser a Capital Federal sem nenhum plano para ressarci-la pelas perdas que isso significava. Nas décadas seguintes, as consequências desse fato foram se agudizando, com o esvaziamento econômico, transferência de grandes empresas, crescimento urbano desordenado, criação de um ambiente propício para o crime organizado. Dizer um basta ao esvaziamento do Rio, com o fortalecimento do Galeão não é pouca coisa. Temos que comemorar e vigiar. 

A resolução do Ministério dos Portos e Aeroportos que limita o Santos Dumont só surgiu após um primeiro acordo entre o presidente Lula, o prefeito Eduardo Paes e o governador Cláudio Castro, que em agosto restringiu esse aeroporto a voos para um raio de 400 km, excluindo aeroportos internacionais de outros Estados. Isso foi principalmente acordado para impedir que o Rio se transformasse em província aérea de São Paulo, com o fluxo dos passageiros do Santos Dumont para Guarulhos.

Santos Dumont: superlotação faz Rio perder R$ 4,5 bilhões

Essa restrição caiu e esse fluxo pode voltar, mas com a limitação do número de passageiros em 6,5 milhões por ano, a maior parte deve ficar com voos do Santos Dumont para Congonhas e Brasília, além de outras capitais. Antes da resolução do Ministério, a previsão era de que o Santos Dumont poderia chegar a 10 ou 12 milhões de passageiros, uma superlotação perigosa para a segurança do próprio aeroporto e criminosa contra o Galeão, que agora tem a chance de ver retornar várias linhas aéreas nacionais que irão alimentar rotas internacionais.

Para se ter uma ideia da importância do Galeão para a economia do Estado do Rio, uma pesquisa da Firjan aponta que o seu esvaziamento significa a perda de pelo menos R$ 4,5 bilhões no PIB estadual. Essa riqueza vinha sendo drenada para os aeroportos de Estados vizinhos por um erro de política pública, por falha na regulação do espaço aéreo da cidade do Rio.

A limitação do Santos Dumont deve ser comemorada. Mas com certeza os lobbies dos que ganhavam com o esvaziamento do Galeão não vão desaparecer. É preciso manter a guarda.

*Editor do DIÁRIO DO PORTO


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