Turismo sustentável fortalece Baía de Guanabara | Diário do Porto


Meio Ambiente

Turismo sustentável fortalece Baía de Guanabara

Empreendimentos produzem impacto socioambiental positivo com turismo sustentável na Baía de Guanabara

10 de maio de 2023

Trilhas ecológicas estão entre as opções de turismo na Baía de Guanabara (Foto: Suzanna Tierie/Fundação Grupo Boticário)

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Natureza, cultura e paisagem: a Baía de Guanabara, um dos principais cartões postais do Rio de Janeiro e do Brasil, tem tudo isso de sobra. Formada por uma bacia hidrográfica que abraça parte do famoso espelho d’água que envolve o Pão de Açúcar e abrange 17 municípios, tem áreas naturais bem preservadas, com florestas, manguezais, restingas, além de fauna e flora representativas da Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados no Brasil. E, claro, muito potencial para turismo na região.

Uma das formas de fortalecer negócios de impacto socioambiental positivo é desenvolver o potencial do turismo de natureza e de base comunitária – ainda pouco conhecido na região. Esta é uma das estratégias do movimento Viva Água, idealizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

Desde 2021, o movimento busca a segurança e qualidade hídrica da região hidrográfica da baía, como explica o gerente de Projetos da Fundação Grupo Boticário, Thiago Valente. “Além da importância ecológica para a vida de mais de 11 milhões de pessoas, a Baía de Guanabara é um local importantíssimo do ponto de vista histórico, social e cultural, de grande valor para o nosso país. O território abriga muitos atrativos que merecem ser conhecidos e, principalmente, mais valorizados”, afirma.


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A região possui 117 Unidades de Conservação (UC), que garantem a preservação da biodiversidade na Mata Atlântica e na região costeiro-marinha, além de oferecer serviços ecossistêmicos essenciais, como o fornecimento de água, a polinização e a adaptação às mudanças climáticas.

No ano passado, o movimento Viva Água identificou, por meio de estudos, oportunidades de negócios de impacto socioambiental positivo em setores como o turismo, a pesca, a agricultura e o mercado de carbono, entre outros. “O turismo de natureza é um dos principais vetores para essa visão de desenvolvimento socioeconômico sustentável da Baía de Guanabara, com grande capacidade de conservar a natureza e gerar valor para as comunidades do entorno das unidades de conservação”, realça Valente.

Capacitação, aceleração e apoio financeiro

Para fortalecer negócios de impacto socioambiental positivo na região, a Fundação Grupo Boticário, o Instituto humanize e o IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão lançaram, em dezembro passado, o Fundo Viva Água, iniciativa filantrópica para impulsionar as ações do movimento.

O fundo oferece oportunidades para investidores que querem direcionar recursos a iniciativas de impacto socioambiental e prevê a operação de uma plataforma de empréstimos coletivos, gerida pela Trê Investindo com Causa, gestora financeira do Fundo.

Em duas edições já promovidas na Baía de Guanabara, o Programa Natureza Empreendedora vem apoiando iniciativas voltadas ao turismo responsável e de base comunitária, à agricultura sustentável e a práticas regenerativas. “São processos que apostam na construção de redes de cooperação e de parcerias estratégicas entre o setor privado, o poder público e as organizações do terceiro setor, sempre considerando as necessidades e interesses da comunidade”, salienta Valente.

Entre as opções de turismo sustentável na Baía de Guanabara, estão hospedagens diferenciadas, campings e passeios. Confira oito empreendimentos que promovem um impacto positivo:

Reserva Ecológica de Guapiaçu

Regua, em Cachoeiras de Macacu (foto: Reprodução)

A Reserva Ecológica de Guapiaçu (Regua), área particular localizada em Cachoeiras de Macacu, é um exemplo de como a restauração ecológica pode transformar positivamente um território. Os proprietários recuperaram uma antiga fazenda degradada a partir do plantio de mais de 600 mil árvores, que ocupam uma área de mais de 400 hectares de Mata Atlântica. O local protege nascentes do Rio Guapiaçu, que deságua na Baía de Guanabara, e  abriga um projeto piloto de reintrodução de antas na região, animal que havia sido extinto do local há mais de 30 anos. Oferece um ecolodge com 10 suítes. Também promove um roteiro de observação de aves a partir da imersão na floresta com o objetivo de contemplação e registros fotográficos.

Reserva Ecovila El Nagual

Reserva é vizinha do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (foto: Reprodução)

A proposta da reserva é ajudar pessoas a encontrar soluções para mudanças de hábitos, sensibilizando e abrindo novos horizontes para uma vida mais sustentável e conectada à natureza. Localizada em uma reserva particular de 17 hectares, em Santo Aleixo, distrito de Magé, a El Nagual promove diversas atividades e eventos – como cursos, encontros e workshops – que trabalham temáticas como sustentabilidade, bem-estar, permacultura, turismo ecológico, educação ambiental e arte. Vizinha ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos, funciona ainda como propriedade modelo funcional, desenvolvendo cursos experimentais e visitações guiadas, além da oferta de hospedagem e alimentação.

Caminhos do Manguezal

Turismo Baía de Guanabara
A cooperativa oferece passeios guiados na Baía de Guanabara (foto: Reprodução/Instagram)

A Cooperativa Manguezal Fluminense trabalha com turismo de base comunitária na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim e na Estação Ecológica da Guanabara, primeira unidade de conservação no Brasil criada para a proteção de manguezais. Entre os serviços oferecidos aos visitantes estão passeios de caiaque, produtos artesanais, visitas e vivências com embarcação motorizada guiada na Baía de Guanabara, além de hospedagem, camping, gastronomia e plantio de mudas de árvores nativas do mangue. Por meio do projeto Caminhos do Manguezal, a cooperativa promove alternativas de trabalho e melhoria de qualidade de vida para os cooperados, além de dar voz aos moradores da região, legítimos caiçaras.

Remando no Manguezal

Turismo Baía de Guanabara
Caiaques e pesca sustentável em Magé, pelo Remando no Manguezal (foto: Reprodução/Instagram)

Realizado na Praia da Piedade, em Magé, o Remando no Manguezal alia a pesca sustentável e artesanal ao turismo ecológico, com os objetivos de preservar o ecossistema e gerar renda para os moradores da localidade. Desde 2019, promove passeios turísticos de caiaques e pequenos barcos pela área do manguezal para despertar a consciência ambiental dos visitantes. A promoção da pesca artesanal, com técnicas sustentáveis que respeitam o meio ambiente, gera emprego e é a maior fonte de renda do negócio.

GuapimirimTur

Turismo Baía de Guanabara
Experiência em Guapimirim foca na valorização da cultura local (foto: Reprodução/Instagram)

A GuapimirimTur promove experiências de visitação em áreas naturais entre a Serra dos Órgãos e a Baía de Guanabara, com foco em turismo de base comunitária, valorização da história local, educação ambiental e geração de renda. Gerando renda para os barqueiros e moradores da cidade, oferece uma fonte secundária de renda aliada ao processo de conscientização que desestimula atividades prejudiciais à Baía de Guanabara e aos manguezais. A experiência turística é enriquecida com rotas que envolvem produtores rurais e artesãos, agregando valor aos produtos da cidade.

Presenthe

Presenthe une esportes e natureza (foto: Reprodução/Instagram

A empresa promove a proteção dos patrimônios naturais e culturais das cidades de Magé e Guapimirim unindo contato com natureza, esportes e desafios ao ar livre. Apostando na conscientização da população local sobre a importância dos cuidados com a natureza, a empresa também está transformando caçadores e “passarinheiros” em condutores de caminhada por trilhas da região.  Oferece diversas atividades turísticas e esportivas, como caminhadas, trilhas e voo livre.

Trilha Caminho do Recôncavo da Guanabara

Trilhas levam público para Mata Atlântica (foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O projeto – uma das soluções apoiadas pelo LAB Viva Água – busca fomentar a economia local baseada na regeneração da biodiversidade e na restauração florestal por meio da criação de uma trilha de ecoturismo de longa distância e de base comunitária na região da “Baixada Verde”. O trajeto projetado de Duque de Caxias até Cachoeiras de Macacu, com mais de 100 quilômetros, passará por unidades de conservação e pretende incentivar a restauração florestal, a biodiversidade e o desenvolvimento de cadeias produtivas agroecológicas. Proposta pelo Instituto Sinal do Vale, a trilha permitirá contato com espécies da fauna e da flora que perduraram na região apesar dos diversos ciclos econômicos que impactaram o território. (katie@sinaldovale.org)

Zip Flor

Projeto estimula preservação e restauração florestal (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O projeto Zip Flor pretende implementar e aprimorar um modelo replicável para a restauração ecológica de matas ciliares e nascentes por intermédio de sistemas agroflorestais e da restauração ecológica assistida. O projeto prevê a geração de trabalho e renda na região, além da educação ambiental, agroecologia, conservação e ecoturismo. A proposta do Instituto Cultural Tecnologia e Arte (Tecnoarte) deve ser implementada em áreas estratégicas para a segurança hídrica e conservação da biodiversidade, especialmente no entorno do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, localizado entre os municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim, e no entorno do Parque Estadual dos Três Picos, que abrange os municípios de Teresópolis, Nova Friburgo, Guapimirim, Silva Jardim e Cachoeiras do Macacu.